segunda-feira, novembro 20, 2006

Ilusão



Surges no meu sonho, nele está a ilusão de um dia voltar a encontrar-te.
Tentei fazer a apoptose do teu ser no meu pensamento, mas teu sorriso ainda permanece de forma constante em mim.
As cartas ditam o nosso desfecho, sinto-me esquartejada em ínfimas partes que se perdem num fundo transparente.
Tentam dissecar o cerne do meu ser,com falsas identidades,com palavras que desaguam num leito ressequido.
A necrose dos sentimentos desfaz-se, liquidificando-se em partículas odorantes daquele teu cheiro impregnado em mim.
A desvanecer de ti....

domingo, novembro 12, 2006

Indiferença


Que indiferença perante a vida activa pela a qual nos regemos.

Sob a luz obscurecida, plantam-se delgadas passadas que foram arrastadas pelo cheiro mundano onde breves suspiros tentam suster o límpido carmim.

Vorazes são as gargalhadas, ficando impunes os olhares desatentos, despreocupados com o meio que vulgariza a podridão do nosso lar.

O ciúme espreita por entre a calha, tendo efeito mordaz naquele em que no seu estado imperioso atravessa tempestades.

Somos fotografias do esteriótipo banal que incendeia fragas adormecidas.

Relembrar e esquecer, é um furto do nosso próprio pensamento.



sexta-feira, novembro 10, 2006

A insustentável leveza


A insustentável leveza do ser, que percorre os poros levianos do corpo.
Mentes fadadas com a perdição, mãos que não sentem o jasmim da pele, vislumbrando-se perante o desejo adoçicado, que se personifica na ilusao de um sentido.
A matéria não se une, o sentimento que deixa um rasto vago inerte a paixao.
A atmosfera que ladeia as almas transtornadas, cintila austeramente pela unidade de uma só melodia que apazigue os gritos desamparados.

Semblante







Na penumbra da escuridão encontra-se a luz que desenha a imagem de um rosto transfigurado no surrealismo da loucura! O semblante que se afoga no escuro, o olhar que remete no infinito, que se encontra perdido entre o vago, e o inerte, a mulher que ali emurcheceu, e permaneceu no cristalino olhar.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Entorpecida


Entorpecidas linhas que prefazem o meu destino! Pela cidade boémia praguejo os meus andarilhos de fêmea palpitante! Meu corpo translúcido afoga-se no suor árido que provoca a devastidão! Danças obscenas procuram o vazio, onde se possam alojar e soltar a devassidade existente em mim! Olhares empobrecidos de falsa tentação que invadem meu espaço, que tormentam as minhas carnes vulneráveis ao prazer! Desprotegida, encontro-me desfigurada na minha carcassa por frágeis freios que me sustentam!
Quem me abraça e cuida de mim?



Toque



O toque que se funde num corpo rígido, não teme o calor dissipado por este.
Esfumaçando pela brisa pesada e ténue formando gotículas de gelo,
repousa na pele embriagada do nada.
A mão que derrete o cavernículo,
onde se encontra o coração palpitante desejoso de trespassar aquele que o tenta possuir.
Tão fria, ali se encontra a musa do mal,
detentora dos amores perdidos.
O silêncio que me consome,
O afecto que não foi sentido,
Os olhares que se repudiaram,
as imagens que se transfiguraram, O cheiro que se mantêm,
O mau presságio que se realizou,
O choro que sufocou,
O beijo que não se deu,
O número que assinalou o final da linha.
A presença que falhou numa noite tépida,
esvoaçou sobre as águas luminosas que tanto querias contemplar.
O escuro padeceu em mim,
O teu semblante emurcheceu o cristalino olhar daqueles que sentiram os arrepios quentes da paixão.
No cais onde as vidas partem e regressam, tu partiste,mas voltarás de novo á minha linha.