quarta-feira, outubro 21, 2009

Conto Erótico



Apetece-me foder.
Tenho o caralho inchado de tanto pensar. São 3 da manhã. Onde é que vou arranjar uma puta de uma gaja para me foder agora? Sim, hoje sinto-me passivo. Prefiro bater uma, a ver um redtube. Ao abrir a página, deparo-me com a diversidade de vídeos que tenho à escolha nas diferentes tipologias de sexo, desde o mais banal, até aos fetiches mais estranhos que me poderiam ocorrer. A mente humana é mesmo estranha. Será que o facto de a libido nos levar a querer experimentar de tudo um pouco nos conduz inevitavelmente a este abismo que nos leva ainda mais violentamente a desejar outras promiscuidades de um âmbito, digamos, menos natural!? Escolho um vídeo amador - a pornografia esta cheia de artificialidade e a minha já é o quanto baste. Prefiro escolher algo que se assemelhe à minha realidade.
Vou dormir. Acordo cheio de tesão, acabo de ter um sonho onde visualizo duas gajas a comerem-se, o sonho de qualquer homem. Não as conhecia, elas deixam-me entrar no seu quarto, pedem-me para me sentar no sofá e delicio-me a ver os seus corpos a roçarem um na outra. O quarto transpira a sexo, os risinhos e o frenesim entre ambas excitam-me ainda mais. Elas sabem que me estão a provocar um desejo intenso. O despertador toca e um gajo já nem se pode regalar com os sonhos. Tenho que ir trabalhar.
Chego ao estúdio e avisto Betina, uma gaja que ainda não comi. Os seus seios fartos e arrebitados e seus lábios deliciosamente carnais dão-me insónias e, hoje, está com um decote fenomenal. É uma mulher tímida, mas com um olhar avassalador. Nela, tudo transluz sensualidade. Sinto o seu cheiro, o seu odor corporal, como se as nossas ferormonas estivessem em sintonia.
- Bom dia Betina! A banda já chegou para iniciar a gravação?
- Ainda não, diz ela com um sorriso gracioso que me envolve.
Finalmente, um projecto decente a produzir, uma mistura entre música experimental, acid jazz, electrónica e dub. Ultimamente só me têm surgido projectos na vertente pop.
A cultura musical dos portugueses deixa a desejar, artistas reconhecidos internacionalmente, não são sabidos em Portugal, assiste-se ao consumismo da música comercial que se embarca nos ouvidos desprovidos de sensibilidade musical. Enfim, quando se quer apostar num género diferente, o público não adere. Gostaria de saber que género de sentimentos é que a música provoca na audição de cada pessoa.
Toda a envolvência musical enreda-nos a cada momento, a musicalidade transpõem-nos para vivências que nos recordam algo passado ou, simplesmente, a mesma música toca-nos de forma diferente.
A música eleva-me a um estado de consciência diferente. Por ela, fiz escolhas que mudaram a minha vida, nomeadamente o meu casamento. Conheci Laura numa digressão. Tenho saudades de fazer som ao vivo, uma vida completamente desregrada, vários destinos, várias mulheres e muitas fodas, vivendo o lema que perdura na estrada, - muito rock’n’roll.
Laura era uma produtora de espectáculos que conheci num concerto que fui produzir de uma banda que acompanhava na altura. Chegou-se a mim para me perguntar quando terminava o sound check, queria saber o que queriam jantar os elementos da banda.
A sua figura espevitou-me o olho, tinha longos cabelos encaracolados, pele morena, olhos escuros, e as suas vestes esvoaçavam sobre o seu corpo. No jantar, não conseguimos evitar a troca de olhares. Começava a ter o desejo de percorrer o seu corpo. Olhava para a sua boca falante, e só me apetecia cala-la com um beijo. O espectáculo termina, e perco Laura de vista - Foda-se, quando é que voltarei a vê-la novamente?
Passados uns meses, reencontro-a num festival de Música Moderna em Lisboa. Ela reconhece-me e vem cumprimentar-me.
- Olá, Vasco, faz tempos que não nos víamos!
Desta vez não podia perdê-la de vista, então perguntei-lhe em que hotel estava hospedada. Curiosamente no meu.
- No fim do festival, aceita tomar algo do bar do hotel?
Disse eu um pouco desajeitado. Ela aceita.
Termina o festival, dirijo-me de seguida ao bar do hotel e Laura chega pouco tempo depois.
- Toma alguma coisa, Laura?
– Sim, um ginger ale. Podes tratar-me por tu.
Distanciados da formalidade, perdemo-nos na conversa, entre música, esoterismo, sociedades secretas, maçonaria, nova ordem mundial, ano 2012. Divagámos até onde a mente nos permitia. Era agradável falar com Laura, uma mulher muito astuta, e inteligente. Estava a ficar completamente rendido a ela.
Bebia trago a trago aquele ginger ale. Só de a imaginar aquela bebida doce a molhar os seus lábios carnudos, ficava teso.
- Vou subir para o quarto, estou um pouco ensonada. Acompanhas-me?
Bem, fiquei na dúvida se era para segui-la até ao quarto, ou se era um convite para pernoitar com ela.
Chegados à sua porta, ela pega-me pela mão, e convida-me a entrar. O quarto parecia que estava a nossa espera. Sob uma luz soturna despe a sua roupa, a sua silhueta pinta a parede. Olha-me, baixa o seu olhar para a minha boca, tocando seus lábios nos meus. Ela deitou-se sob o meu dorso. Carinhosamente, passei a minha mão sobre os seus seios, senti a sua pele a vibrar, os seus mamilos a ficarem firmes somente com um simples toque, a sua face começou a ficar rosada, um pequeno arfar surge, e todo o seu semblante transparecia satisfação. Só me ocorria o desejo de a possuir, ter o seu sexo a roçar no meu. Toco na sua intimidade húmida, soltando-a num suspiro mais caloroso, sinto nela a vontade de me ter. Sentindo as suas pernas trémulas, o suco escorrendo pelas suas entranhas, senti o seu odor na ponta dos meus dedos, consumindo a sua essência, o seu olhar pagão, os lábios que se entregam no ardor do meu sexo, a língua que escorre o leito da minha erupção. Consumidos pelo cansaço provocado pelo nosso êxtase, adormecemos.
Acordo de manhã. Ela já não se encontrava na cama, Olho para o telemóvel, tinha uma mensagem a dizer que tinha saído para trabalhar.
Daí em diante, a nossa relação evoluiu. Namorámos pouco tempo, e decidimos casar. Casámos somente por civil, a nossa falta de crença levou-nos não optar pelo casamento religioso.
Chego a casa, estafado da gravação. A Nené não vem cá hoje, ficou com a mãe. A sua adolescência intriga-me - ocasionalmente, é a voz da minha razão. Condena os meus actos promíscuos que amaldiçoaram a minha relação com Laura. Tivemos um casamento atípico, as nossas profissões não permitiam que passássemos muito tempo juntos, não lhe sendo fiel. O meu ser libertino desperta-me estar com outras mulheres, o meu lado devasso não é coerente com o amor que sinto por Laura.
Hoje apetecia-me comer uma miúda que conheci numa rede social potencialmente sexual. Denota-se claramente o interesse falso e exposição da maior parte das pessoas que usam este serviço. Eu faço por prazer, pela boémia.
É mais nova 10 anos. Não estou na crise de meia-idade mas fascina-me estar com uma mulher mais jovem. Ela sentiu-se curiosa em foder um homem mais velho. Saboreou a minha verga, deliciada, a sua língua enreda sobre a minha glande latejante. Seus seios vigorosos descaíam no meu peito, emergindo-lhe a vontade de ser possuída
O sexo fortuito é uma forma de consumismo, um regalo para o nosso corpo, todavia, quando este se cansa de o receber, sente-se oprimido.
A minha vida preenche-se com a música, a minha filha, e o meu amor perdido por Laura. Se por um lado sinto-me muito preenchido, por outro, falta-me o amor e a estabilidade. Escolher uma vida lasciva, não foi o meu melhor caminho.
O meu corpo deslavado funde-se com o de várias mulheres, é como se fosse uma relação de simbiose, dar, sem haver troca.
Percorro os meus dias, em busca de algo que me defina. Entre mulheres e desamores, desafio-me para mais um dia.
Hoje não me sinto homem.